Característico da Europa do século XVIII em seu contexto iluminista e de revolução burguesa, o Arcadismo buscou a expressão de um saber mais preciso e natural, tomando por modelo a antiguidade clássica. Originalmente italiano, passa à Espanha, a Portugal e ao Brasil da chamada escola mineira.
A primeira metade do século XVIII marcou a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: a burguesia ascendente, voltadas para as questões mundanas, passou a deixar em segundo plano a religiosidade que permeava o pensamento barroco; além disso, o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atingia um estágio estacionário e apresentava sinais de declínio, perdendo terreno para a arte burguesa, marcada pelo subjetivismo. Surgiram, então, as primeiras Arcádias, que procuravam a pureza e a simplicidade das formas clássicas.
A Arcádia, na Grécia antiga, era a região do Peloponeso, onde os pastores presumivelmente se dedicavam à dança, ao canto, à poesia bucólica e, , segundo a lenda, era dominada pelo deus Pan.
Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.. Por isso se deu esse nome, inicialmente, ao círculo de escritores e artistas que no fim do século XVII, em Roma, se reuniam no palácio da ex-rainha Cristina, da Suécia, que passou a viver ali depois de se converter ao catolicismo e abdicar ao trono. Apaixonada pela literatura, Cristina gostava de se cercar de críticos e poetas. Após sua morte, em 1689, seu salão transformou-se na academia denominada Arcadia, com 16 integrantes que assumiram novos nomes gregos e latinos, diziam-se "pastores", chamavam seu presidente de "guardião geral" e reuniam-se
Com o fortalecimento da burguesia em meados do século XVIII e o aparecimento dos filósofos iluministas formando um novo quadro social, político e cultural, observou-se a necessidade de buscar outras formas de expressão. Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista.
Nesse ambiente em ebulição a sociedade da época inicia tacitamente uma verdadeira revolução que eclodirá apenas no fim do século com a Revolução Francesa e, neste interin, todas as idéias têm como principal objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão esquecida desde a queda do Renascimento para o Barroco. A classe emergente dos burgueses passa a dominar economicamente boa parte da Europa, através de um vasto comércio e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se até mesmo da agricultura em determinados lugares.
Em 1748, Montesquieu publica O Espírito das Leis, obra na qual propõe a divisão do governo em três poderes ( Executivo, legislativo e Judiciário). Voltaire, assim como Montesquieu, relacionado com a alta burguesia, defende uma monarquia esclarecida. Em 1851, dirigido por Diderot e D'Alembert, aparece o Discours préliminaires de L'encyclopédie, cultuando a razão, o progresso e as ciências. Importante papel desempenhou Jean-Jacques Rousseau (autor d’O contrato social e Emílio), defensor de um governo burguês e do ideal do "bom selvagem"afirmando que “o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe"desta forma, apregoando que deveríamos nos voltar para o refúgio da natureza pura. Dentro desse quadro desenvolve-se o Iluminismo, o qual exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte dos países ocidentais. A época do Iluminismo foi marcada por transformações políticas tais como a criação e consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis, e a redução da influência de instituições hierárquicas como a nobreza e a igreja.
O Iluminismo forneceu boa parte do fermento intelectual de eventos políticos que se revelariam de extrema importância para a constituição do mundo moderno, tais como a Revolução Francesa, a Constituição polaca de 1791, a Revolução Dezembrista na Rússia em 1825, os movimento de independência na Grécia e nos Balcãs, bem como, naturalmente, os diversos movimentos de emancipação nacional ocorridos no continente americano a partir de 1776.
Muitos autores associam ao ideário iluminista o surgimento das principais correntes de pensamento que caracterizariam o século XIX, a saber, liberalismo, socialismo, e social-democracia.
Nesse momento, geram-se duas manifestações distintas, mas que se completam. O momento poético nasce de um encontro, com a natureza e os afetos comuns do homem, refletidos através da tradição clássica e de formas bem definidas, julgadas dignas de imitação dos modelos greco-latinos (Arcadismo); e o momento poético ideológico, que se impõe no meio do século, e traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.
No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.
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